Palavras nossas



Critica ao filme: “Florbela”
       Florbela, uma das mais aclamadas poetisas portuguesas do século XX, encontra-se neste filme de Vicente Alves de Ó brilhantemente retratada por Dalila do Carmo. Conta igualmente com a presença de Albano Jerónimo no papel de Mário, o segundo marido de Florbela, e Ivo Canelas como Apeles, o irmão, a sombra e o fantasma eternamente presente.
      Após uma separação recheada de dor, sofrimento, magoa e violência do primeiro casamento, Mário recolhe Florbela com todo o carinho e amor que qualquer mulher pode desejar, e esta confessa-lhe que o seu desejo é ser uma boa esposa. No entanto, Florbela não se adapta à vida calma e rotineira que leva e perturbada pelo som constante das ondas do mar parte mediante uma carta do seu irmão Apeles para Lisboa.

      O pedido a que Florbela se encontra exposta durante todo o filme: “Escreve! Escreve!” só se agrava com a sua partida para Lisboa, onde é confrontada com uma vida boémia, de desejo e emoção. Ao tentar aceder ao pedido a que se encontra sujeita, falha. Como falhou em tudo o que desejara ser, a esposa ideal, a filha perfeita, a irmã constante e conselheira. Falha devido à constante indefinição de si própria, à vergonha, ao medo e ao sofrimento. No poema “Eu”, cujo excerto é apresentado no início do filme, Florbela define-se com mestria e perfeição:

                                                                    “Eu sou a que no mundo anda perdida

Eu sou a que na vida não tem norte.”

Esta interpretação de si própria está presente durante todo o filme e faz adivinhar que a sua vida não poderia ser vivida de uma forma diferente daquela que viveu, em busca de sentido e simultaneamente de satisfação. Ao mesmo tempo, prevê o sofrimento desta personagem, cuja vida não poderia ter trazido maior mágoa do que a morte daquele que mais amava o seu irmão Apeles, que engolido pelo Tejo levou consigo a sua alma.

A sua escrita, que a elite intelectual de Lisboa tanto procurava e suplicava, surge-lhe entre o sonho e a realidade, sem comando ou controlo. Florbela rejeita-a como se rejeita a si, à sua loucura. Os seus poemas são, para ela, os culpados de toda a sua infelicidade, dor e sofrimento e por isso qualquer apelo à escrita não surte o efeito desejado. Não conseguindo por isso prendê-la à sanidade, à realidade e à vida.

Maria do Carmo Pinto n.º 14 10.º A

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Crítica do filme “Florbela”
“ Eu sou a que no mundo anda perdida”, é esta a Florbela Espanca retratada no filme realizado por Vicente Alves do Ó. Uma personagem que ilustra numa brilhante perspetiva o que foi a vida e obra de uma das maiores poetisas portuguesas.
Exuberante, arrojada e imprevisível, eram estas as principais características de Bela, como é muitas vezes denominada ao longo do filme. Este tem início numa cena de violência praticada pelo primeiro marido da personagem principal, justificando assim o seu divórcio e novo casamento, desta vez com um médico chamado Mário Lage. Este filme retrata a emancipação da mulher, que tem o seu início nesta época, principalmente presente nos aspetos do dia a dia, como é abordado numa cena em que a personagem principal é discriminada por outras mulheres, por usar calças e não saia como era costume na altura. Como todas as histórias, esta também tem o seu lado romântico, no qual se nota o amor quase incestuoso pelo seu irmão Apeles (Amo-te tanto e nunca te beijei./ E nesse beijo, amor, que eu nunca te dei/ guardo os versos mais bonitos que te fiz).Com a sua trágica morte, a pouca estabilidade mental adquirida por Florbela, ao longo dos anos em que foi esposa exemplar e mulher recatada, expira-se completamente para não mais voltar. Assim, a poetisa acaba por falecer, em Matosinhos, sobre    a memória do único homem que amou verdadeiramente. 
Este filme conta com um elenco de artistas experientes o que acaba por lhe proporcionar uma característica singular e ao mesmo tempo, um pouco ousada. Trata-se de uma excelente “performance” não só de Dalila Carmo, no papel da vanguardista Florbela Espanca, como também de Ivo Canelas, no papel do eterno apaixonado Apeles e, ainda, do intérprete da personagem Mário Lage, Albano Jerónimo.  
Pessoalmente, gostei bastante do filme, pois considero que ilustra fielmente o que foi a vida e obra de uma das melhores poetisas portuguesas do século XX. Embora o filme se desenrole num ambiente um pouco escuro e por vezes até constrangedor, a sua mensagem é de tal modo intensa, que até as cenas mais ousadas aparecem contextualizadas no que é o guião principal da ação impossibilitando que o espetador se perca na história. A cena de que mais gostei refere-se ao momento em que Florbela chega a Lisboa e se depara com um dos seus livros à venda numa livraria, contrariamente ao que poderíamos pensar, a escritora encara-os com curiosidade, como se aquela Florbela, que está desenhada na capa do livro, não existisse nunca mais, como se, de facto, se negasse a si própria, não querendo ser quem realmente era.” Sou a irmã do Sonho,e desta sorte/ Sou a crucificada... a dolorida ...”

Maria Batista 10.º A

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 CRÍTICA AO FILME
FLORBELA

    O filme retrata, com fidelidade a forma intensa, arrebatada e exacerbada como Florbela Espanca viveu, demonstrando-nos que, para a poetisa, viver foi sempre sinónimo de sentir.
    Pelo olhar do realizador, o espetador é conduzido pelos meandros do psiquismo de Florbela, confrontando-se com as idiossincrasias de alguém que viveu sempre na pele de uma personagem e em permanente conflitualidade consigo, com os outros e com o mundo.
    Por isso, a tensão dramática é constante, na medida em que, no decurso da sua existência, Florbela viveu à margem dos padrões vigentes, com o excesso e a vertigem que sempre a caracterizaram, sem, no entanto, deixar de pontualmente pactuar com as normas instituídas.
    Assim, na narrativa fílmica, é notória, por parte da protagonista, a ambivalência de sentimentos e comportamentos, perante a figura paterna. Por um lado, Florbela não abdica da ousadia, que se constitui como fundamental da sua personalidade; por outro lado, é capaz de, por vezes, mudar, por exemplo, detalhes da sua indumentária, para se apresentar perante o pai.
    A suposta relação incestuosa com o irmão é uma ideia que o realizador pretende deixar em suspenso, provocando a interpretação subjetiva de cada um, para que cada qual extraia as suas ilações e construa a sua verdade.
   No entanto, o filme apresenta como realidade inequívoca a relação quase simbiótica, fusional e, de tão excessiva, doentia, entre Florbela e Apeles, ao ponto de condicionar a sua felicidade e determinar a sua morte.
    Considero ainda que o facto de se tratar de cinema de composição, obriga à assunção, por parte do espetador, de uma atitude critica e de caráter reflexivo, assunto que considero oportuno referir, até porque o olhar da generalidade dos espetadores está educado para o cinema de ação, de matriz anglo-saxónica.
    Salienta-se, ainda, a excelência das representações de Dalila do Carmo, Mário Lage e Ivo Canelas, a qualidade da fotografia e a seleção pertinente, por parte do realizador Vicente Alves do Ó das matérias/problemáticas a incluir no filme, permitindo ao espetador imergir na vida turbulenta e na alma conturbada da protagonista.

João Filipe Quintas Madeira, número 10, 10º ano, Turma A

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O QUE É A POESIA
     A ideia errada que as pessoas têm do que é a poesia e do que é um poema, influencia profundamente a sociedade, e, principalmente, os jovens que são quase “forçados” a pensar que a poesia é apenas para os intelectuais, e principalmente que é uma leitura muito difícil.
     No entanto,
como podemos nós aceitar estas ideias pré-concebidas que não possuem qualquer fundamentação? A resposta mais direta a esta pergunta seria dizer que é mais fácil viver na constante ignorância do que estão a perder.
    Cada poesia que lemos dá origem e fica associada a um conjunto de sensações únicas. No fundo, cada poema reflete um conjunto  de experiências originais vividas pelo autor, que por sua vez, darão origem a sensações diversas consoante o grau de identificação que cada leitor faz das palavras.
A poesia é uma das mais belas visões do mundo, que cresce dentro de nós e nos assola quando a compreendemos. Um poema não é apenas um conjunto de palavras que estão ali reunidas, é algo que “cresce tomando tudo em seu regaço”.
     Por isso, a relação entre a poesia e a vida é tão forte que todos nós a deveríamos saborear, como o chocolate de que mais gostamos, todos os dias da nossa vida. 

Maria do Carmo Pinto, do 10.º A  

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A Arte de Poetar para o Poeta
       A poesia, tal como a arte, sublimam a vida, permitindo ao ser humano aprender a interpretar os seus sentimentos.
       A arte de poetar é um exercício extremamente complexo, em que o poeta se assume, simultaneamente como um cirurgião e um padre, dissecando e exorcizando o seu ser.
       Sendo uma forma de exprimir o seu interior, o poeta observa a poesia como uma forma de se revelar perante si mesmo e perante mundo. Para isso, ele disseca os seus sentimentos, procurando respostas para as suas questões mais íntimas, e que são normalmente reflexos da alma. Desta forma, o poeta não está só a mostrar-se, confessando os seus medos e paixões, como também utiliza o exercício de escrita poética para exorcizar esses receios.
      Ao leitor cabe a árdua tarefa de desvendar, se não mesmo desbravar a escrita densa, cheia de conotatividade e densidade, que é a poesia. Mas uma vez conseguido esse feito, a grandiosidade, em simultâneo com a simplicidade dos textos líricos, funcionam para o Homem como uma terapia, uma forma de aprender a reconhecer e a interpretar os seus próprios sentimentos e emoções.
      Aliás, o exercício da leitura poética, permite uma reflexão, num constante aperfeiçoamento do “eu”, que é, na sua essência, um objetivo máximo da humanidade, tentando atingir uma plenitude da vida.
Para concluir, parece-me adequando parafrasear Hélia Correia, quando na sua obra A Terceira Miséria, a poetisa se questiona: “Para que servem os poetas em tempos de indigência?”
(Texto adaptado)
 João Madeira, número 10, do 10º ano, turma A


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Criação Poética

              Poderia tentar procurar a definição de poesia num verbete de dicionário, porém seria em vão. A mais pura definição de poesia está algures no nosso coração… a poesia nasce connosco e vive connosco, tornando-se imortal ao longo dos séculos. A natureza cria a poesia e cria-nos a nós, somos feitos da mesma beleza. Como dizia António Botto: “ o mais importante é ser-se criador - criar beleza”, a poesia reside em nós e nós somos como uma flauta que deixa a sua musicalidade fluir.
O poema vai crescendo em nós, na nossa procura pela razão da nossa existência, vai fluindo ainda que com palavras incertas e nasce. Não nasce só para mim, nasce para o mundo.
Não nasce em vão! Nasce para “ganhar a cor dos olhos de quem o fixa” (como cita Nuno Júdice), para transmitir um sentimento, uma vivência a quem o contempla.
Qualquer um pode poetar, ousar descobrir o que a natureza nos ofereceu e criar um poema que nos ilumine.
A poesia faz parte da nossa vida, cheia de tudo e de nada, cheia de metáforas de beleza.
  Mariana Carreira     10.ºA N.º 17

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O romance O Último Cais, de Helena Marques, decorre no século XIX, na Ilha da Madeira, e retrata o “amor in tempore” entre Marcos Vaz Lacerda e Raquel Passos Villa.
 Esse amor, que se constitui a temática principal desta obra, está sujeitos a forçadas separações, visto que Marcos é médico voluntário na marinha, com missões em Moçambique para evitar o tráfico negreiro.
Raquel, qual Penélope, espera o marido e, insubmissamente aspira, como ele, a viajar, a sair do espaço exíguo em que se encontra.
Raquel e Marcos conseguem viajar juntos, numa ida inesperada à Guiana Britânica. É neste clímax da ação que Raquel atinge o seu “último cais”, ao dar à luz.
Marcos regressa com um berço – a sua filha Clara – e um caixão…
Marcos acaba por voltar a amar. E o “objeto” desse amor é Luciana, simbolizando a mulher livre que antecipa ao século XX, o que representa a capacidade do ser humano de superar obstáculos, de conseguir transpor os limites que a vida lhe impõe.
Considero esta obra um retrato interessantíssimo da vida, em que o apelo à existência, em toda a sua plenitude, se apresenta como o objetivo máximo da Humanidade.

                                 Um texto de João Filipe Madeira (adaptado)N.º 10, Turma A do décimo ano.
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Crítica ao livro: “O Último Cais”


 O livro sobre o qual irei reflectir chama-se “O Último Cais” e a sua autora é Helena Marques.
Helena Marques viveu grande parte da sua vida no Funchal onde decorre a ação principal desta história. A ação localiza-se no final do século XIX, início do século XX, onde os ideias republicanos e as primeiras ideias de emancipação da mulher percorriam as conversas diárias.
A história retrata duas famílias, os Villa e os Vaz de Lacerda, unidos por um matrimónio, o de Raquel Villa e o de Marcos Vaz de Lacerda, que aproxima as duas famílias, tornando-se numa só. A família é retratada na história, a partir das vidas das mulheres que a compõem, vidas marcantes e sofridas. Raquel amava o seu marido, acontecimento raro na altura, já que os casamentos eram pré-decididos, no entanto não podia realizar o seu sonho de viajar. Podemos, assim constatar que a mulher não podia “fazer” tudo o que desejava, nesta época.
Em conclusão, penso que o livro muito interessante, uma vez que retrata a vida das mulheres desta época e o que estas sofreram para alcançar os seus direitos. Direitos esses que foram necessárias inúmeras gerações para alcançar e que parecem estar no esquecimento.

      Maria do Carmo  10.º A


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