Escritora do Mês de Novembro

Sophia de Mello Breyner Andresen
De seu nome completo, Sophia de Mello Breyner Andresen, é um dos maiores nomes da poesia e da cultura europeias deste século.
Nasceu a seis de Novembro de 1919 na cidade do Porto, onde passou a infância. Estudou entre 1936 e 1939 na Universidade de Lisboa. Publicou os primeiros poemas em 1940, nos Cadernos de Poesia. Foi opositora ao regime político do Estado Novo tendo ajudado na defesa dos presos políticos. Escreveu muitos livros de poesia, cujos poemas se encontram organizados na sua Obra Poética. Podemos destacar, Dia do Mar, No Tempo Dividido, Coral ou Livro Sexto. Escreveu igualmente contos, Histórias da Terra e do Mar ou Contos Exemplares e ainda variados livros para crianças, onde se podem destacar, O Cavaleiro da Dinamarca, a Árvore ou O Rapaz de Bronze. Escreveu ainda ensaios e traduziu autores tão variados como Eurípedes, Shakespeare ou Dante. Recebeu vários prémios, como o Prémio Camões em 1999 ou o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana em 2003.
Sophia deu-nos uma escrita de grande beleza, preocupada com os limites da existência humana. Influenciada pelo deslumbramento da cultura grega e pela luz do Mediterrâneo, a sensibilidade e a palavra são suportes que permitam a organização de um mundo de consciência, de descoberta, mas de procura de campos felizes. ¤

O Poeta

O poeta é igual ao jardim das estátuas
Ao perfume do Verão que se perde no vento
Veio sem que os outros nunca o vissem
E as suas palavras devoraram o tempo

Promessa
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.

IV

Sonhei com lúcidos delírios
À luz de um puro amanhecer
Numa planície onde crescem lírios
E há regatos cantantes a correr.

VI

A minha esperança mora
No vento e nas sereias
É o azul fantástico da aurora
E o lírio das areias.


As Flores

Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
De uma manhã futura

In, Dia do Mar e no Tempo Dividido, Caminho