Defino-me numa palavra: original. Pode nem ser o vocábulo que outros utilizariam para me melhor descrever, porém é uma palavra que eu gosto de utilizar.
Não gosto, nem quero, que me chamem modesto: as minhas capacidades são o que eu sou, logo não as posso fechar num armário. Ignorá-las, escondê-las, fingindo que não existem não seria mais que um frio exercício de hipocrisia da minha parte. E hipócrita é o que eu não sou. Responsável, atento, dedicado, amigo, inteligente, vaidoso e talvez até mesmo teimoso, são alguns dos adjetivos que usam quando me querem caracterizar. E eu deixo que me chamem isso e muito mais, se assim o quiserem.
Já ouvi “ chato”, mas dessa não gosto. No meu íntimo, durante os meus longos momentos de reflexão até posso concordar, mas não admito quando outro me diz. Não é que não tenham razão. Mas se o querem dizer, façam-no quando estiverem num qualquer lugar onde eu não o possa ouvir ou sentir.
O que eu sou é isto e mais! Todavia, o que aqui não disse vou guardar num lugar escondido, oculto no canto mais longínquo do meu ser, pois todos temos de guardar algo para nós, ou não?
(João Madeira, adaptado do texto “Quem Sou Eu?”)